terça-feira, 18 de junho de 2013

Pedro Américo

   Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Areia, 29 de abril de 1843Florença, 7 de outubro de 1905) foi um romancista, poeta, cientista, teórico de arte, ensaísta, filósofo, político e professor brasileiro, mas é mais lembrado como um dos mais importantes pintores acadêmicos do Brasil, deixando obras de impacto nacional.
   Desde cedo demonstrou inclinação para as artes, sendo considerado um menino-prodígio. Ainda muito jovem participou como desenhista de uma expedição de naturalistas pelo nordeste, e recebeu apoio do governo para se formar na Academia Imperial de Belas Artes. Fez seu aperfeiçoamento artístico em Paris, estudando com mestres célebres, mas se dedicou também à ciência e à filosofia. Logo após seu retorno ao Brasil passou a dar aulas na Academia e iniciou uma carreira de sucesso, ganhando projeção com grandes pinturas de caráter cívico e heróico, inserindo-se no programa civilizador e modernizador do país fomentado pelo imperador Dom Pedro II, do qual a Academia Imperial era o braço regulador e executivo na esfera artística.
   Seu estilo na pintura, em consonância com as grandes tendências de seu tempo, fundia elementos neoclássicos, românticos e realistas, e sua produção é uma das primeiras grandes expressões do Academismo no Brasil em sua fase de apogeu, deixando obras que permanecem vivas até hoje no imaginário coletivo da nação, como Batalha de Avaí, Fala do Trono, Independência ou Morte! e Tiradentes esquartejado, reproduzidas aos milhões em livros escolares de todo o país. Na segunda metade de sua carreira se concentrou em temas orientalizantes, alegóricos e bíblicos, que preferia pessoalmente e cujo mercado estava em expansão, mas esta parte de sua obra, em sua época muito popular, rápido saiu de moda, não recebeu atenção dos especialistas em tempos recentes e permanece muito pouco conhecida.
   Passou sua carreira entre o Brasil e a Europa, e em ambos os lugares seu talento foi reconhecido, recebendo grandes favores da crítica e do público mas também levantando polêmicas apaixonadas e tenazes adversários. Para as novas vanguardas Pedro Américo era um pintor de dotes inegavelmente raros, mas acima de tudo se tornou um dos principais símbolos de tudo o que o sistema acadêmico alegadamente tinha de conservador, elitista e distante da realidade nacional. Embora os modernistas tenham tentado impiedosamente ofuscar sua estrela - como a de todos os acadêmicos -, seus grandes méritos artísticos seguramente fazem dele um dos maiores pintores que o país já produziu, e sua imensa fama e influência em vida, os candentes debates que despertou em sua atuação institucional, cultural e política, em um momento crítico de articulação de um novo sistema de símbolos para um país há pouco emergente da condição de colônia e de consolidação de um novo sistema de arte sobre bases metodológicas e conceituais modernas, o destacam como um dos nomes mais importantes da história da cultura brasileira do fim do século XIX.
   Adquiriu uma sofisticação intelectual absolutamente incomum para os artistas brasileiros de seu tempo, interessando-se por uma ampla variedade de temas e buscando preparo sólido. Foi Bacharel em Ciências Sociais pela Sorbonne e Doutor em Ciências Naturais pela Universidade Livre de Bruxelas. Foi diretor da seção de antiguidades e numismática do Museu Imperial e Nacional; professor de desenho, estética e história da arte na Academia Imperial, e deputado constituinte por Pernambuco. Deixou volumosa produção escrita sobre estética, história da arte e filosofia, onde, inspirado no modelo clássico, deu especial atenção à educação como a base de todo o progresso e reservou um papel superior para a arte na evolução da humanidade. Ganhou diversas homenagens e honrarias, entre elas o título de Pintor Histórico da Imperial Câmara, a Ordem da Rosa e a Ordem do Santo Sepulcro.

Estilo e técnica

    Era dono de uma técnica sofisticada, dava grande atenção ao detalhe e era rápido no trabalho. Pedro Américo, para o bem ou para o mal, foi sempre um acadêmico, mas o acadêmico versátil e eclético da fase mais influente e mais contraditória do Academismo internacional, que se definia como uma complexa mescla de referências clássicas, românticas e realistas. Sua obra expressa aspirações idealistas típicas do classicismo, refletidas nos seus quadros históricos "didáticos" e suas alegorias moralizantes, no seu senso de composição hierarquizada, e até nos seus escritos de caráter humanista; sua caracterização detalhada das figuras e objetos às vezes se aproxima do Realismo, mas sua expressão estilística é principalmente romântica, o que na verdade não chegava a ser uma contradição, visto que o Romantismo foi por si mesmo uma corrente eclética e idealista e em muito devedora dos clássicos. Mas o Romantismo brasileiro na pintura, onde se insere Pedro Américo, foi o da terceira geração romântica, quando o movimento já havia perdido seu caráter original, arrebatado e revolucionário, transformando-se numa corrente mais branda e conformista, mais esteticista e sentimental, que se aburguesava rapidamente e se tornava em muitos aspectos genuinamente "popular".


Sócrates afastando Alcebíades dos braços do vício, 1861, 
Museu Dom João VI. Uma pintura histórica de sua juventude.


Batalha de Campo Grande, 1871.
Óleo sobre tela, 332 x 530 cm. Petrópolis, Museu Imperial


A Batalha de Avaí, 6×11m, 1877, Museu Nacional de Belas Artes


Tema


  Em que pese sua temática religiosa, as composições bíblicas tipificavam seu romantismo aburguesado pela ênfase decorativista e pelo amor ao exotismo. Além de serem uma preferência pessoal, eram um reflexo de uma mudança no contexto e atendiam ao gosto de um público novo, burguês e sentimental, que não era mercado para obras históricas tradicionais, mas passava a apreciar imagens que dissessem mais respeito à sua própria realidade ou fossem consumíveis sem maiores complicações.



Crítica

   Esta parte de sua obra foi severamente criticada pelos modernos por encontrarem nela excessos de sentimentalismo e intelectualismo, que o teriam levado à afetação e à artificialidade. Tais ataques lhe imprimiram marca tão negativa que até hoje esta produção em grande parte está esquecida ou é menosprezada.

Por: Gabriela

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