Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Areia, 29 de abril de 1843 — Florença, 7 de outubro de 1905) foi um romancista, poeta, cientista, teórico de arte, ensaísta, filósofo, político e professor brasileiro, mas é mais lembrado como um dos
mais importantes pintores
acadêmicos do Brasil, deixando obras de impacto nacional.
Desde cedo demonstrou inclinação para as artes,
sendo considerado um menino-prodígio. Ainda
muito jovem participou como desenhista de uma expedição de naturalistas pelo nordeste, e
recebeu apoio do governo para se formar na Academia Imperial de Belas Artes. Fez seu
aperfeiçoamento artístico em Paris, estudando com
mestres célebres, mas se dedicou também à ciência e à filosofia. Logo após seu
retorno ao Brasil passou a dar aulas na Academia e iniciou uma carreira de
sucesso, ganhando projeção com grandes pinturas de caráter cívico e heróico, inserindo-se no programa
civilizador e modernizador do país fomentado pelo imperador Dom Pedro II, do qual a
Academia Imperial era o braço regulador e executivo na esfera artística.
Seu estilo na pintura, em consonância com as grandes
tendências de seu tempo, fundia elementos neoclássicos, românticos e realistas, e sua produção é uma das primeiras
grandes expressões do Academismo
no Brasil em sua fase de apogeu, deixando obras que permanecem
vivas até hoje no imaginário coletivo da nação, como Batalha de Avaí, Fala
do Trono, Independência ou Morte! e Tiradentes esquartejado,
reproduzidas aos milhões em livros escolares de todo o país. Na segunda metade
de sua carreira se concentrou em temas orientalizantes, alegóricos e bíblicos, que preferia pessoalmente e cujo
mercado estava em expansão, mas esta parte de sua obra, em sua época muito
popular, rápido saiu de moda, não recebeu atenção dos especialistas em tempos
recentes e permanece muito pouco conhecida.
Passou sua carreira entre o Brasil e a Europa, e em
ambos os lugares seu talento foi reconhecido, recebendo grandes favores da
crítica e do público mas também levantando polêmicas apaixonadas e tenazes
adversários. Para as novas vanguardas Pedro Américo era um pintor de
dotes inegavelmente raros, mas acima de tudo se tornou um dos principais
símbolos de tudo o que o sistema acadêmico alegadamente tinha de conservador,
elitista e distante da realidade nacional. Embora os modernistas tenham tentado impiedosamente
ofuscar sua estrela - como a de todos os acadêmicos -, seus grandes méritos
artísticos seguramente fazem dele um dos maiores pintores que o país já produziu,
e sua imensa fama e influência em vida, os candentes debates que despertou em
sua atuação institucional, cultural e política, em um momento crítico de
articulação de um novo sistema de símbolos para um país há pouco emergente da
condição de colônia e de consolidação de um novo sistema de arte sobre bases
metodológicas e conceituais modernas, o destacam como um dos nomes mais
importantes da história da cultura
brasileira do fim do século XIX.
Adquiriu uma sofisticação intelectual absolutamente
incomum para os artistas brasileiros de seu tempo, interessando-se por uma
ampla variedade de temas e buscando preparo sólido. Foi Bacharel em Ciências Sociais pela Sorbonne e Doutor em Ciências
Naturais pela Universidade Livre de Bruxelas. Foi diretor da seção de antiguidades e numismática do Museu
Imperial e Nacional; professor de desenho, estética e história da arte na
Academia Imperial, e deputado
constituinte por Pernambuco. Deixou
volumosa produção escrita sobre estética, história da arte e filosofia, onde,
inspirado no modelo clássico, deu
especial atenção à educação como a base de todo o progresso e reservou um papel
superior para a arte na evolução da humanidade. Ganhou diversas homenagens e
honrarias, entre elas o título de Pintor Histórico da Imperial Câmara, a Ordem da Rosa e a
Ordem do Santo Sepulcro.
Estilo e técnica
Sócrates afastando Alcebíades dos braços do vício, 1861,
Museu Dom João VI. Uma
pintura histórica de sua juventude.
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Batalha
de Campo Grande, 1871.
Óleo
sobre tela, 332 x 530 cm. Petrópolis,
Museu Imperial
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A Batalha de Avaí, 6×11m, 1877, Museu Nacional de Belas Artes
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Tema
Em que pese sua temática
religiosa, as composições bíblicas tipificavam seu romantismo aburguesado pela
ênfase decorativista e pelo amor ao exotismo. Além de serem uma preferência
pessoal, eram um reflexo de uma mudança no contexto e atendiam ao gosto de um
público novo, burguês e sentimental, que não era mercado para obras históricas
tradicionais, mas passava a apreciar imagens que dissessem mais respeito à sua
própria realidade ou fossem consumíveis sem maiores complicações.
Crítica
Esta parte de sua obra foi
severamente criticada pelos modernos por encontrarem nela excessos de
sentimentalismo e intelectualismo, que o teriam levado à afetação e à
artificialidade. Tais ataques lhe imprimiram marca tão negativa que até hoje
esta produção em grande parte está esquecida ou é menosprezada.
Por: Gabriela
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